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Anistia e dosimetria das penas: por que a escola não pode se afastar dos grandes debates nacionais?
Em um cenário marcado por intensos debates políticos e jurídicos, termos como anistia e dosimetria das penas deixaram de circular apenas entre juristas e passaram a ocupar espaço central nos noticiários, nas redes sociais e nas conversas familiares. Quando isso acontece, a escola se vê diante de uma escolha fundamental: ignorar o tema ou transformá-lo em oportunidade de aprendizagem.
Por CQL Educação
12/15/20253 min read


Para a educação básica, especialmente nos anos finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio, afastar-se de temas que mobilizam a sociedade significa abrir mão de um dos papéis centrais da escola: formar cidadãos críticos, conscientes e capazes de compreender o funcionamento da democracia.
A escola como espaço de compreensão da vida pública
A escola não é um ambiente neutro no sentido de ignorar a realidade social. Ela é, por natureza, um espaço de formação humana, ética e cidadã. Quando assuntos como anistia e dosimetria das penas ganham destaque, surgem dúvidas legítimas entre os estudantes: Por que algumas pessoas podem ser anistiadas? Como a Justiça define o tamanho de uma pena? Existe igualdade perante a lei? Essas perguntas não exigem posicionamento político do professor, mas sim mediação pedagógica qualificada, baseada em informações, conceitos e respeito à pluralidade de ideias.
Anistia e dosimetria: conceitos que educam para a cidadania
Abordar esses temas na escola não significa aprofundar debates jurídicos complexos, mas apresentar noções fundamentais de cidadania e justiça.
Anistia é um instrumento previsto no ordenamento jurídico que pode perdoar crimes ou penas, geralmente debatido em contextos históricos, políticos e democráticos. Seu estudo permite compreender como as sociedades lidam com conflitos e responsabilidades.
Dosimetria das penas refere-se aos critérios utilizados pela Justiça para definir a punição adequada a cada caso, levando em conta fatores como gravidade do ato, circunstâncias e participação individual.
Ao compreender esses conceitos, o estudante passa a enxergar a Justiça como um sistema estruturado, e não como decisões arbitrárias ou baseadas apenas em opiniões.
O desafio do professor em tempos de polarização
Vivemos um período em que informações circulam rapidamente, muitas vezes acompanhadas de desinformação, discursos emocionais e posições extremadas. Nesse contexto, o professor assume um papel ainda mais relevante: ensinar a analisar, comparar e refletir, e não a reproduzir discursos prontos.
A escola deve ser o espaço onde o estudante aprende a:
Diferenciar fato de opinião
Ler criticamente as notícias
Argumentar com respeito e embasamento
Conviver com opiniões divergentes
Essas aprendizagens são tão importantes quanto os conteúdos tradicionais.
Estratégias pedagógicas para levar o tema à sala de aula
📌 Leitura crítica do noticiário: Comparar diferentes abordagens jornalísticas sobre o mesmo tema, analisando títulos, linguagem e intenção comunicativa.
📌 Rodas de conversa mediadas: Promover debates com regras claras, estimulando a escuta, o respeito e a argumentação, sempre com foco nos conceitos, e não em disputas ideológicas.
📌 Produção textual e argumentativa: Trabalhar textos dissertativos, resumos críticos e artigos de opinião fundamentados em dados e informações confiáveis.
📌 Abordagem interdisciplinar
História: democracia, cidadania e Constituição
Geografia: organização do Estado e instituições
Sociologia: poder, leis e relações sociais
Filosofia: ética, justiça e moral
Língua Portuguesa: leitura crítica e argumentação
Alinhamento com a BNCC
O trabalho com temas atuais como anistia e dosimetria das penas está diretamente relacionado às Competências Gerais da BNCC, especialmente:
Competência Geral 1: Utilizar conhecimentos historicamente construídos para compreender a realidade social.
Competência Geral 2: Exercitar o pensamento científico, crítico e criativo.
Competência Geral 7: Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis.
Competência Geral 9: Exercitar empatia, diálogo e respeito às diferenças.
Competência Geral 10: Agir pessoal e coletivamente com responsabilidade, autonomia e cidadania.
Além disso, a BNCC reforça a importância da formação integral do estudante, preparando-o para o exercício da cidadania e a participação social consciente.
Educar para além dos conteúdos
Em tempos de grandes debates nacionais, afastar a escola da realidade social não protege os alunos — apenas os deixa mais vulneráveis à desinformação. Ao contrário, trazer esses temas para o ambiente escolar, com responsabilidade e intencionalidade pedagógica, fortalece a educação democrática.
Discutir anistia e dosimetria das penas na escola não é fazer política partidária; é cumprir a missão educativa de formar sujeitos críticos, informados e capazes de compreender o mundo em que vivem.
A CQL Educação acredita que uma educação de qualidade dialoga com o presente, forma para o futuro e se compromete com a construção de uma sociedade mais justa, consciente e democrática.
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