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Férias na Educação: desligamento total ou tempo de propósito?
O período de férias escolares costuma ser visto, de forma simplificada, como uma pausa no calendário letivo.
Por CQL Educação
12/19/20253 min read


Para alguns, representa apenas o merecido descanso após meses de trabalho intenso. Para outros, especialmente aqueles que enxergam a educação como propósito de vida, as férias assumem um significado mais profundo: não são apenas um tempo de parar, mas um tempo diferente de continuar. Essa diferença de percepção revela uma dualidade silenciosa, porém presente, no campo educacional: quem escolheu ser professor como missão e quem está na educação porque foi o caminho possível.
A educação como propósito: o professor que não “desliga”, apenas muda o ritmo
Para quem escolheu a docência como vocação, as férias raramente significam um desligamento total da profissão. Há descanso, sim — necessário, legítimo e saudável —, mas não há um rompimento com o sentido do que se faz.
Esse educador usa o período de férias para:
Refletir sobre sua prática pedagógica;
Avaliar o que funcionou e o que precisa ser aprimorado;
Buscar novas leituras, formações, cursos ou referências;
Reorganizar sonhos, projetos e estratégias;
Descansar o corpo, sem adormecer o propósito.
Não se trata de romantizar o excesso de trabalho, mas de reconhecer que quando a profissão está alinhada ao sentido de vida, o aprendizado não se interrompe. O professor com propósito entende que educar é um processo contínuo, que ultrapassa o calendário escolar.
A educação como circunstância: quando as férias são fuga, não pausa
Há também quem esteja na educação porque foi o emprego que apareceu, a vaga disponível, o concurso possível ou a alternativa viável naquele momento da vida. Isso não torna ninguém menos digno, mas muda profundamente a relação com o trabalho.
Nesse caso, as férias tendem a ser:
Um desligamento completo da escola e de tudo que a envolve;
Um alívio, muitas vezes associado ao esgotamento emocional;
Um tempo de esquecimento, não de reflexão;
Uma contagem regressiva para “aguentar” o próximo período letivo.
Quando a educação não é propósito, o retorno das férias costuma ser pesado. Falta sentido, sobra obrigação. E, com o tempo, isso se reflete na sala de aula, na relação com os alunos, com os colegas e consigo mesmo.
O impacto dessa dualidade na escola e nos estudantes
Essa diferença de postura não afeta apenas o profissional, mas todo o ecossistema educacional. Alunos percebem quando estão diante de um professor que acredita no que faz e quando estão diante de alguém apenas cumprindo horas.
O professor com propósito:
Inspira pelo exemplo;
Humaniza o processo de ensino-aprendizagem;
Constrói vínculos;
Enxerga o aluno para além do conteúdo.
Já o profissional desconectado do sentido:
Limita-se ao mínimo exigido;
Reproduz práticas engessadas;
Vive a rotina como fardo;
Contribui, mesmo sem intenção, para o esvaziamento do valor da educação.
Férias como espelho da escolha profissional
O modo como o professor vive suas férias revela muito sobre sua relação com a profissão. Não se trata de trabalhar durante o descanso, mas de compreender que quem educa por propósito descansa sem abandonar o significado do que faz.
As férias, nesse caso, são:
Um tempo de cuidar de si;
De renovar forças;
De aprender de outras formas;
De voltar melhor, não apenas voltar.
Uma reflexão necessária para quem está (ou quer estar) na educação
Essa dualidade não deve servir para julgar, mas para provocar reflexão. Estar na educação exige mais do que técnica: exige sentido. Talvez as férias sejam o melhor momento para cada profissional se perguntar:
Por que eu estou na educação? O que me mantém aqui? O que me cansa? O que ainda me move?
Responder a essas perguntas pode ser o primeiro passo para ressignificar a prática, reencontrar o propósito — ou, honestamente, repensar caminhos.
Porque, no fim, a educação nunca é neutra. E quem escolhe educar, escolhe também impactar vidas. Mesmo durante as férias.
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